segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Meu conto de fadas (Post antigo que não tinha publicado e que achei aqui)


Ontem foi mágico. Em todo aquele contexto. Os ciúminhos, sua mão em cima da minha, com os dedos entrelaçados, as carícias na perna e no rosto. O filme de terror se tornou romântico. Na saída do cinema, sua mão grudou por mais alguns segundos na minha e eu estava tão nervosa... Ficou do meu lado todo o tempo, até na farmácia. Na sala, você me olha, eu finjo um sorriso pra você não perceber. Quando você se sentou ao meu lado, eu só queria poder agarrá-lo ali mesmo na sala, no meio da aula de anatomia. Aqueles olhos verdes são os mais lindos que eu já vi. Depois vieram as trocas de sms junto com mais esperanças pra mim. Ele não entende o que aconteceu com a gente. Eu acho que posso explicar: somos eu e você, uma garota e um garoto em uma sala de cinema, juntinhos. A única coisa que pode rolar é a gente se beijar. Então, porque você não me beijou? Ali mesmo, sem interessar as pessoas que estavam ao redor? Como é que a gente vai saber se é amor, se você nem me beijou? Minha amiga me perguntou se você havia dado em cima de mim no cinema, eu menti. Se fosse algo que eu nao me importasse, eu poderia até contar, mas se tratando de você, eu prefiro manter segredo. Há pouco tempo você me ligou para perguntar sobre um trabalho sem importância diante desse meu conflito interno. Será que foi apenas uma desculpa, depois de tudo que aconteceu ontem? Ah meu Deus, faça alguma coisa antes que eu me acostume com esse garoto e seus lindos olhos verdes.

Eu aposto minha vida


Eu aposto que a essa hora você ainda está acordado.
Eu aposto que você está cansado de um longo e puxado dia.
Eu aposto que você está sentado, naquele apartamento sozinho, olhando pela janela.
E eu aposto que você está se perguntando algo sobre mim.
E eu só quero te dizer
Que eu pego todas as minhas forças para não te ligar
E que eu desejaria poder correr para você agora
E todas as vezes que eu não o faço,
Eu quase faço.
Eu quase faço.
E eu só queria te dizer
Que eu junto todas as minhas forças pra não te ligar
E cada vez que eu não o faço,
Eu quase faço.
Eu quase faço.
Fizemos uma grande bagunça, amor.
E provavelmente é melhor desse jeito.
E eu confesso que em meus sonhos você está tocando meu rosto e me perguntando se eu quero tentar novamente.

Beatriz Barth Fernandes

segunda-feira, 27 de julho de 2009

As perguntas levam, sim, à evolução

Estava eu hoje na aula, quando me vi bombardeada por algo que até então julgava inofensivo: o ato de tirar dúvidas. Com tantos problemas na nossa sala como a questão dos focos de conversas, as saídas de sala para fazer sabe-se-lá-o-quê, até mesmo com tantos problemas mundiais como as guerras, as epidemias... me criticam porque eu tiro dúvidas. Se estou me defendendo? Sim, estou. Se me julgaram, eu tenho direito à defesa. Será que as dúvidas não levam à evolução? As grandes conquistas da humanidade são fruto das perguntas. O que impede a evolução na verdade é o egoísmo e a inflexibilidade das pessoas para perceber que o que pode ser interessante para alguns pode não ser interessante para outros. Frequentemente, por detrás de uma pergunta há uma lógica que merece atenção e que pode levar a raciocínios jamais pensados. Assim foi com Issac Newton, que chegou às suas leis com base nas suas incógnitas, assim foi com todos os outros grandes homens que admiramos até hoje e assim será para todas as descobertas futuras.

sábado, 23 de maio de 2009

Para Uma Menina Com Uma Flor

Porque você é uma menina com uma flor e tem uma voz que não sai, eu lhe prometo amor eterno, salvo se você bater pino, o que, aliás, você não vai nunca porque você acorda tarde, tem um ar recuado e gosta de brigadeiro: quero dizer, o doce feito com leite condensado.
E porque você é uma menina com uma flor e chorou na estação de Roma porque nossas malas seguiram sozinhas para Paris e você ficou morrendo de pena delas partindo assim no meio de todas aquelas malas estrangeiras.
E porque você sonha que eu estou passando você para trás, transfere sua d.d.c. para o meu cotidiano, e implica comigo o dia inteiro como se eu tivesse culpa de você ser assim tão subliminar. E porque quando você começou a gostar de mim procurava saber por todos os modos com que camisa esporte eu ia sair para fazer mimetismo de amor, se vestindo parecido. E porque você tem um rosto que está sempre um nicho, mesmo quando põe o cabelo para cima, parecendo uma santa moderna, e anda lento, e fala em 33 rotações mas sem ficar chata. E porque você é uma menina com uma flor, eu lhe predigo muitos anos de felicidade, pelo menos até eu ficar velho: mas só quando eu der uma paradinha marota para olhar para trás, aí você pode se mandar, eu compreendo.
E porque você é uma menina com uma flor e tem um andar de pajem medieval; e porque você quando canta nem um mosquito ouve a sua voz, e você desafina lindo e logo conserta, e às vezes acorda no meio da noite e fica cantando feito uma maluca. E porque você tem um ursinho chamado Nounouse e fala mal de mim para ele, e ele escuta e não concorda porque ele é muito meu chapa, e quando você se sente perdida e sozinha no mundo você se deita agarrada com ele e chora feito uma boba fazendo um bico deste tamanho. E porque você é uma menina que não pisca nunca e seus olhos foram feitos na primeira noite da Criação, e você é capaz de ficar me olhando horas. E porque você é uma menina que tem medo de ver a Cara-na-Vidraça, e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando. E porque você é uma menina com uma flor e cativou meu coração e adora purê de batata, eu lhe peço que me sagre seu Constante e Fiel Cavalheiro.
E sendo você uma menina com uma flor, eu lhe peço também que nunca mais me deixe sozinho, como nesse último mês em Paris; fica tudo uma rua silenciosa e escura que não vai dar em lugar nenhum; os móveis ficam parados me olhando com pena; é um vazio tão grande que as mulheres nem ousam me amar porque dariam tudo para ter um poeta penando assim por elas, a mão no queixo, a perna cruzada triste e aquele olhar que não vê. E porque você é a única menina com uma flor que eu conheço, eu escrevi uma canção tão bonita para você, "Minha namorada", a fim de que, quando eu morrer, você, se por acaso não morrer também, fique deitadinha abraçada com Nounouse cantando sem voz aquele pedaço que eu digo que você tem de ser a estrela derradeira, minha amiga e companheira, no infinito de nós dois.
E já que você é uma menina com uma flor e eu estou vendo você subir agora - tão purinha entre as marias-sem-vergonha - a ladeira que traz ao nosso chalé, aqui nessas montanhas recortadas pela mão de Guignard; e o meu coração, como quando você me disse que me amava, põe-se a bater cada vez mais depressa.
E porque eu me levanto para recolher você no meu abraço, e o mato à nossa volta se faz murmuroso e se enche de vaga-lumes enquanto a noite desce com seus segredos, suas mortes, seus espantos - eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei; e que todas as mulheres que eu amei, como tristes estátuas ao longo da aléia de um jardim noturno, foram passando você de mão em mão até mim, cuspindo no seu rosto e enfrentando a sua fronte de grinaldas; foram passando você até mim entre cantos, súplicas e vociferações - porque você é linda, porque você é meiga e sobretudo porque você é uma menina com uma flor.

Vinícius de Moraes

sábado, 17 de janeiro de 2009

Conto I

Regina sabia que o queria. Por que então o evitava? Claro, ela andou se decepcionando bastante nos seus últimos relacionamentos. Primeiro, o garoto da escola nada popular e com apelido engraçado que não assumia o namoro por motivos nada compreensíveis: diferença de classe social. Por ela ser mais privilegiada financeiramente do que o garoto, ele tinha medo do relacionamento. Na verdade, esse sempre foi um empecilho bastante comum na vida social de Regina. As piadas, na infância, e, na adolescência, essa barreira nos relacionamentos. Ela já deveria ter se acostumado. Segundo, o garoto totalmente popular do colégio. Com este, sim, ela se decepcionou como nunca, quando, em uma festa, ele beijou uma garota que provocava, em Regina, repulsa. Mas os dois garotos tinham algo em comum: eram lindos. Ah... disso ela se orgulhava e até se gabava. Podia garantir: tinha bom gosto. Talvez, esse fosse justamente o problema e o porquê pelo qual Regina não se entregava. Abelardo não era nada bonito. Ela o fitava de longe, em vão, procurando um ângulo que o deixasse ao menos apresentável. As suas cartas foram, em vão, redigidas. Regina não as respondeu. No fundo, ela sabia o que sentia. E se ele só quisesse brincar com os sentimentos dela como fizeram os outros meninos que roubaram o seu coração? Mas Regina só tinha 17 anos... era tão jovem. Como podia armazenar tanta decepção no seu coração? Ela sempre fora muito sensata. Nunca fizera algo para chamar de loucura. Sua família tradicional impedia também, apesar de nunca haver partido do seu interior uma vontade tão intensa quanto a que sentia agora por fazer algo impensado, irracional, guiado apenas pelo desejo. Decidiu, então, que o procuraria. Se desprenderia de todos os seus preconceitos e padrões de beleza e procuraria o garoto. Passou pelas pessoas, sem as ver realmente, buscando o seu amor. Passou pelas mesas que estavam no jardim. Será que nunca o encontraria? Onde ele estaria? E decidiu, por fim, ir ao lugar favorito de ambos: a piscina. Ao chegar lá, teve a visão que buscava: ele estava lá, com a calça dobrada até os joelhos com uma camisa branca de botões, sentado na borda da piscina e estava lindo. Era só uma questão de abrir a mente. Eram necessárias lentes que ultrapasassem o aparente.

Artificial

Procuro encontrar uma sinceridade ausente nos seus olhos
Procuro encontrar uma inocência há tempos perdida
Procuro encontrar uma verdade que não se encontra em você
Será que você realmente existe?
Eu visualizo em você um reflexo do mal
Por que você não some com a mesma velocidade com que chegou?
Por que eu estou me preocupando com você?


por Beatriz

Virar

O que é virar uma página pra quem já virou o século?
E quem não virou uma noite?
Viu os anos 60, 70 e 80 virarem moda?
Tudo um dia pode virar de cabeça pra baixo.
Mas é sempre possível virar o jogo.
Virar a mesa e o tempo a seu favor.
Ver um sonho virar realidade.
Tudo pode virar festa.
É só virar o calendário e deixar o ano velho virar ano novo.


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